segunda-feira, 31 de agosto de 2009

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Eu Te Amo , Homem , Hoje como
toda vida quis e não sabia,
eu que já amava de extremoso amor
o peixe, a mala velha , o papel de seda e os riscos
de bordado , onde tem
o desenho cómico de um peixe - os
lábios carnudos como os de uma negra.
Divago , quando o que quero é só dizer
te amo . Teço as curvas . as mistas
e as quebradas . industriosa como abelha ,
alegrinha como florzinha amarela . desejando
as finuras , violoncelo , violino , menestrel
e fazendo o que sei , o ouvido no teu peito
para escutar o que bate . Eu te amo , homem , amo
o teu coração o que é , a carne de que é feito ,
amo sua matéria , fauna e flora ,
seu poder de parecer , as aparas de tuas unhas
perdidas nas casas que habitamos , os fios
de tua barba. Esmero . Pego tua mão , me afasto , viajo
pra ter saudade , me calo , falo em latim pra requintar meu gosto :

" Dizê-me , ó amado de minha alma , onde apascentas
o teu gado , onde repousas ao meio-dia , para que eu não
ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros".

Aprendo. Te aprendo , homem. O que a memória ama
fica eterno. Te amo com a memória , imperecível.


tira de mim o ar desnudo , me faz bonita
de olhar-me , me dá uma tarefa , me emprega ,
me dá um filho , comida , enche minhas mãos.
Eu te amo , homem, exactamente como amo o que
acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando

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